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Retratos: Abril

JC - 24/04/2024 - 9:32

Jeremias, presidente da Brigada do Reumático, ainda não refeito da romaria da Padroeira do Burgo, preparou-se, convenientemente, para o 50.º aniversário da Revolução Lusitana, que trouxe a liberdade e a democracia ao povo e à nação. -“Já tenho os cravos vermelhos para colocar na lapela”, disse, entusiasmado com tudo aquilo que a data lhe traz à memória.
- “Já estava a trabalhar e só dois dias depois é que conseguimos entender o que se tinha passado na Kapital. Ao Burgo as notícias chegavam quase sempre com dois dias de atraso. Não havia internet nem telemóveis e os jornais vinham de comboio”, recordou.
- “As nossas redes sociais eram as pastelarias Rosei e Velar. E não podíamos dar muito nas vistas, que não sabíamos quem é que nos podia estar a controlar”, lembrou Godofredo, secretário-geral da BR, que está entusiasmado com as histórias desse tempo que vão ser divulgadas no sábado, com a tomada da sala da “Bufa” no Liceu do Burgo, por parte dos estudantes revolucionários.
- “Como me recordo quando conversei demoradamente com a filha de um dito senhor, linda de morrer. Ele não gostou. Vim, depois, a saber que era agente ‘facho’ e que até tive direito a ficheiro na polícia da ditadura, com a classificação de contestatário ao regime e aos bons costumes”, disse Evaristo, presidente do Conselho Fiscal da BR.
- “São histórias que guardamos e que as gerações mais novas têm dificuldade em compreender. Ainda esta semana a minha Amelinha me referia as aulas de educação feminina, onde se aprendia a ser boa dona de casa. Para além da costura e dos bordados, também se faziam bolos que eram avaliados pela família da senhora professora”, prosseguiu Jeremias.
- “É por isso que eu gosto de comemorar Abril! Que saibamos preservar e valorizar a democracia, pois como diz o grande cantautor lusitano, o fascismo é uma minhoca que se infiltra na maçã, ou vem com botar cardadas ou com pezinhos de lã”..., concluiu Godofredo.

JC

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